Livraria Cultura fecha unidade na Avenida Paulista após acumular dívidas de aluguel
A emblemática filial da Livraria Cultura, situada no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, no coração de São Paulo, encerrou suas atividades novamente. A unidade está enfrentando dívidas de aluguel que ultrapassam os R$ 15 milhões desde 2020.
Em fevereiro, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido da Cultura, que está em processo de recuperação judicial, para suspender a ordem de despejo da loja na Avenida Paulista. Segundo informações fornecidas ao G1, a empresa interrompeu a venda de produtos, permanecendo apenas com o teatro e o restaurante em funcionamento.
A empresa emitiu um comunicado, explicando: “Infelizmente, apesar de nossos esforços conjuntos, não conseguimos encontrar uma solução viável para ambas as partes. O cenário atual do mercado, especialmente acentuado pelas mudanças no comportamento do consumidor, consolidadas durante a pandemia, tornou a manutenção de uma livraria de grande porte como a nossa neste local desafiadora. Como resultado, e visando à sustentabilidade de nossas operações, foi inevitável tomar a difícil decisão de procurar um novo espaço que se adapte melhor às demandas e realidades atuais do mercado editorial e varejista”.
O ministro Raul Araújo, do STJ, ao proferir a decisão, esclareceu que a ordem de despejo não está relacionada ao processo de falência da empresa e, portanto, não há justificativa para suspender o procedimento. Ele ressaltou que “o juízo da recuperação judicial não deve permitir proteção desmedida à empresa, impondo o ônus da reestruturação exclusivamente aos credores que há muito aguardam a satisfação de seus créditos”.
A Livraria Cultura enfrentava uma crise significativa desde meados de 2015, após o declínio do mercado editorial. Em 2018, a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial, citando dificuldades econômico-financeiras, com dívidas totalizando R$ 285,4 milhões, a maioria delas com fornecedores e bancos.
Após mais de quatro anos, o juiz Ralpho Monteiro Filho, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, decretou a falência da Cultura, citando o descumprimento do plano de recuperação judicial e outros fatores. Isso resultou no fechamento da unidade na Avenida Paulista.
Recentemente, uma nova decisão do STJ permitiu a reabertura temporária da livraria no Conjunto Nacional, considerando sua importância social e cultural, além de questionar a significância da dívida em relação ao faturamento da empresa.